Um morador do interior de Palmeira das Missões tomou um susto quando foi verificar, nas imagens das câmeras de segurança, se havia ocorrido geada na manhã do último domingo. Segundo o jornal Tribuna da Produção, ao rever as imagens, o filho do dono da fazenda Evandro Kerber Lautert, 40 anos, em Linha Guaritinha, percebeu uma movimentação estranha. Para a surpresa, era uma onça-parda adulta. Mais impressionado ele ficou quando, na sequência, apareceram também três filhotes grandes.
Os quatro animais passaram pela estrada no interior da propriedade às 6h50min, no amanhecer do último domingo (27), conforme o registro das câmeras de segurança. Os bichos vasculharam rapidamente o local e, como não encontraram nada que os interessasse, seguiram "viagem". O local das câmeras é um reservatório de água para irrigação e fica a cerca de 1 km das casas.
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Depois que o vídeo começou a circular nas redes sociais, a zoóloga e professora do curso de Ciências Biológicas da UFSM em Palmeira das Missões, Vanessa Barbisan Fortes, que mora em Santa Maria, foi consultada sobre os hábitos desses felinos, já que muitas dúvidas surgem a partir da aparição de onças-pardas em propriedades rurais.
Para começar, Vanessa diz que essas aparições são raras, pois é um animal que vive em áreas de mata. Porém, como há menos alimentos para as onças devido ao fato de haver cada vez menos florestas na região norte, esses felinos têm aparecido mais em ambientes abertos. Ela ressalta também que a onça-parda, também chamada de leão-baio, puma ou suçuarana, é um felino de médio porte mais tímido e menos agressivo do que a onça-pintada. Por isso, dificilmente se aproxima de casas ou ataca criação de gado ou ovinos. Vanessa lembra ainda que é muito difícil um felino desses atacar uma pessoa.
- A onça-parda é mais tímida e costuma ficar em áreas de floresta. Ela mia que nem um gato, um miado suave, é diferente da onça-pintada. Ela se alimenta de mamíferos de médio porte, como cutia, paca, tatu, filhote de capivara ou de veado. Não bichos muito grandes. Mas em situações em que falte alimento, devido ao desmatamento e à caça de mamíferos que elas se alimentam, pode ser que elas tenham de se deslocar bem mais, por muitos quilômetros, para achar comida e, nesse trânsito, passar por áreas abertas e propriedades. Se sente fome, pode ir atrás do gado. Se chegar perto de uma casa, geralmente será à noite, porque tem hábitos noturnos - diz Vanessa, lembrando que geralmente o animal vai fugir de cachorros.
Apesar disso, a professora de biologia da UFSM teme que esses felinos sejam caçados.
- O pessoal tem medo e quer matar. Que Deus abençoe e proteja essa família (de onças-pardas) - diz Vanessa.
A espécie é encontrada desde a Patagônia, na Argentina, até o Canadá, mas com subespécies diferentes em cada região. No Brasil, costumam ser menores, pesando de 30 a 50 quilos. Na América do Norte, podem atingir atingir até 80 quilos.
- É um animal predador, todo de cadeia alimentar, que tem uma grande importância no ecossistema e a preservação da onça é importante até para o controle das populações de outras espécies. Pessoal às vezes reclama de ataques de alguns mamíferos silvestres a plantações, e isso é pela falta de predadores deles. Por isso, as onças têm um papel de equilíbrio ecológico que é bem importante.
O mais raro mesmo, segundo Vanessa, é o fato de que a onça estava acompanhada de quatro filhotes em fase quase adulta.
- Normalmente, as onças-pardas são bichos solitários. Fora do período reprodutivo, o comum é só vai avistar 1 animal. Os filhotes podem ficar até dois anos com a mãe até ficarem independentes. E pelo que se vê nas imagens, esses filhotes eram quase do tamanho da mãe, quase adultos - diz.
